Museu do Café, em Santos, retira de sua fachada instalação crítica à violência contra mulher

Intervenção artística sobre a violência contra mulher é censurada pelo Museu do Café, pertencente à Secretaria Estadual de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo. A instalação, montada pela artista Ynaiana Mella, fazia parte da mostra “Latino America Santista”,que integra o circuito de atividades programadas pela prefeitura de Santos para a Conferência das Cidades Criativas da Unesco [1]. Conforme relato de Ynaiana, a instalação cobinava lambe-lambes estampados com palavras como “estupro” e “faminicídio” a dois maniquins femininos, pintados de vermelho, em posição de fuga. A artista ainda relata ter sido alvo da hostilidade dos funcionários da instituição desde o começo da montagem do cenário na fachada do Museu. “Eles abordaram a questão da temática, das cores, do que a gente estava fazendo ali. Reiteradamente tive que explicar que não havia tema político partidário nenhum. A cor vermelha era predominante, mas isso remetia ao sangue das vítimas”, relata [2]. O conteúdo dos lambe-lambes também foram questionados. Segundo Ynaiana, funcionários do Museu do Café afirmaram que os dizeres estampados seriam “chocantes e que isso não condizia com o que eles queriam mostrar”[3]. No dia do início do evento, a artista encontrou a instalação desmontada, sem os manequins e com vários dos cartazes rasgados. Segundo a direção do Museu, a intervenção “não foi previamente acordada com a instituição e que a equipe não tinha nenhum tipo de informação sobre essa programação específica”. Já a prefeitura de Santos afirmou que a obra foi retirada da fachada do Museu por se tratar de um imóvel tombado, que precisa de autorização para receber intervenções desse tipo [4].