Deputados registram boletim de ocorrência contra a exposição ‘Cadafalso’, no Museu de Arte Contemporânea, e a polícia civil apreende quadro chamado ‘A pedofilia’, da artista Alessandra Cunha [1]. A obra consiste em uma crítica à exploração sexual de crianças e mostra o desenho de uma menina vestida e dois homens nus em um quarto; ao fundo há um olho chorando e a frase ‘O machismo mata violenta humilha’ [2]. No entanto, os deputados alegam que a exposição possui conteúdo erótico e faz apologia à pedofilia; e pedem, além da retirada das obras, a inclusão da artista no cadastro estadual de pedófilos [3]. O deputado Coronel David (PSC) diz que a exposição é uma ‘agressão à família, aos bons costumes e à moral’ [4]. Um grupo de artistas protesta no dia seguinte no centro da cidade [5]. Em nota, o fórum municipal de Cultura repudia a apreensão e afirma que é uma ‘extremada posição do pensamento ultraconservador que não oferece chances ao diálogo’ e que a obra ‘não representa ofensa à moral, aos bons costumes, e muito menos é pornográfica’ [6]. A exposição ocorria desde junho, mas virou alvo de ataques após o cancelamento da exposição ‘Queermuseu’ pelo Banco Santander [7]. O delegado que realiza a apreensão afirma que o quadro ‘induz à lascívia’ e que faz ‘apologia ao crime, no caso, um estupro de vulnerável’ [8]. A artista afirma que a reação à obra é uma expressão do ‘machismo tentando reprimir questões que a gente coloca contra ele’ [9]. Dois dias depois, a obra volta voltou a ser exposta, sob a condição de que a classificação etária aumentasse de 12 para 18 anos [10]. Em outras ocasiões, a exposição ‘Histórias da Sexualidade’ é alvo de críticas por classificação [11]; obra é retirada da Pinacoteca de Porto Alegre por ser ‘inadequada’ [12] e o Museu dos Correios cancela exposição com obras sobre sexualidade [13].
Polícia é acionada por deputados e apreende obra

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