Nas redes sociais, o deputado federal, Eduardo Bolsonaro, chama o diretor Lázaro Ramos e a atriz Taís Araújo de ‘sequestradores’, pois o filme ‘Medida Provisória’ – uma ficção distópica racial na qual brasileiros negros seriam mandados a força para o continente africano – beneficiou-se de 2,7 milhões de reais através da Lei de Incentivo à Cultura [1]. Ele também compartilha foto do casal sorrindo em uma lancha na praia e os chama de ‘bons atores’, ironizando uma fala da atriz em que se referiu aos anos do governo Bolsonaro como ‘infernais, um pesadelo’ em razão do aumento da miséria e do retrocesso [2]. O ex-presidente da Fundação Palmares, Sérgio Camargo, e o ex-secretário especial da Cultura, Mário Frias, que pediram exoneração de seus cargos para concorrerem nas eleições como deputados federais, também criticam os artistas [3]. Frias afirma que a atriz vive uma realidade paralela e Camargo chama o casal de ‘artistas mimizentos, que nada fazem pelo país’, insinua que ambos não trabalham, declara que ‘infernal era ter que sustentar artista com nosso suado dinheiro’, diz que o filme é uma ‘lacração criminosa’ e pede novamente o boicote ao longa [4], como havia feito em março de 2021 [5]. Camargo também sugere que negros de esquerda vão para países africanos, reforçando o argumento que o filme critica [6]. De acordo com a Ancine, o longa captou 4,2 milhões de reais em verbas públicas, sendo que 2,7 milhões são provenientes do Fundo Setorial Audiovisual [7]. A assessoria do filme afirma que o longa gerou mais de 850 empregos diretos e indiretos e que ‘qualquer ataque ao filme apenas representa o dirigismo cultural que, neste momento, quer determinar quais filmes podem ser realizados no país’ [8]. Durante programa de TV, o diretor Lázaro Ramos rebate as críticas dizendo que ‘é campanha política que eles estão fazendo para chamar atenção em cima de nós que temos relevância’ e que é uma ‘cortina de fumaça’ para que as pessoas não debatam sobre os problemas do governo, como o preço da gasolina e dos alimentos [9]. Vale lembrar que o filme ‘Medida Provisória’ teve seu lançamento dificultado pela Ancine [10], de forma semelhante ao que ocorreu com o filme ‘Marighella’ dirigido por Wagner Moura [11], que também recebeu diversas críticas de Frias e Camargo [12]. No mês anterior, membros do governo criaram polêmica em torno do filme ‘Como ser o pior aluno da escola’, situação que também foi caracterizada pelo produtor Danilo Gentili como ‘cortina de fumaça’ [13] [14].
Deputado federal e antigas autoridades do governo criticam os artistas Taís Araújo e Lázaro Ramos por filme sobre racismo
As autoridades aliadas à gestão Bolsonaro condenaram o uso da Lei de Incentivo à Cultura no filme 'Medida Provisória' e falas dos artistas contra o governo federal.