Polícia Militar do Distrito Federal prende o artista e performer Maikon K. em frente ao Museu Nacional da República durante a apresentação de ‘DNA de Dan’, que faz parte da mostra teatral Palco Giratório promovida pelo Sesc [1] e que consiste em uma performance com o corpo nu dentro de uma esfera plástica e translúcida [2]. De acordo com o artista, durante a abordagem, a PM afirma que ‘o museu não manda em nada’ e ‘quem manda é o Código Penal’, os policiais ameaçaram-no, inclusive tendo recebido uma ‘chave de braço’ antes de ser conduzido até a viatura; já na delegacia, teve que assinar um termo circunstanciado pela prática de ‘ato obsceno’ [3]. Após ser liberado, Maikon K. afirma estar indignado com o ocorrido que, além de interromper seu trabalho, também danificou o material cenográfico da obra, que foi rasgado pelos policiais [4]. A performance já havia sido apresentada em outras cidades sem problemas [5]. De acordo com o artista, a situação ‘é um sintoma do grande cadáver que fede há tempos por aqui’ [6]. Ele também alega que, momentos antes de ser interrompido, ouviu os policiais dizendo ‘isso vai parar de qualquer jeito, caralho’, ‘tira esse cara daí’ e ‘que porra é essa’ [7]. Os produtores da performance dizem ter tentado dialogar com os policiais explicando que havia permissão do museu, mas não foram ouvidos [8]. De acordo com a PM, a abordagem ocorreu após transeuntes alertaram sobre um ‘homem nu’ perto do museu e justifica que ‘não foi apresentada nenhuma documentação/autorização do museu tampouco da administração de Brasília, foi determinada a paralisação da referida exposição e foi dada voz de prisão ao elemento nu’ [9]. No dia seguinte, Maikon K. recebe uma ligação do governador e do secretário de Cultura do DF se desculpando pelo ocorrido [10]. O Sesc repudia a detenção do artista e afirma que o caso põe em risco a liberdade de expressão e interfere nos ‘direitos culturais do público’ [11]. Maikon K. também revela que vem sofrendo ameaças nas redes sociais por sua apresentação [12]. Vale lembrar que o artista também enfrenta um processo na justiça paraense em razão da performance [13]. Em 2018, Maikon K., Renata Carvalho [14] [15] e Wagner Schwartz [16], artistas que tiveram suas obras atacadas, criam peça em resposta às agressões sofridas [17].
Polícia Militar prende artista que realizava performance nu no Museu Nacional, em Brasília
A abordagem ocorreu de maneira truculenta, com ameaças e uma 'chave de braço', a despeito da tentativa de diálogo por parte dos produtores