Piracicaba, 27 de Fevereiro de 2022

Artistas e parlamentares denunciam descaso com o acervo da Pinacoteca de Piracicaba

Em visita ao local onde se encontram as obras, a comitiva demonstra que elas se encontram em mal acondicionamento, sem embalagens corretas e seu transporte não teve seguro

Grupo formado por artistas e parlamentares denuncia descaso com o acervo da Pinacoteca Municipal Miguel Archanjo Benício Assumpção Dutra, gerida pela prefeitura de Piracicaba (SP), após vistoria surpresa no local, como apurado pela imprensa nesta data [1]. As obras foram retiradas do prédio original projetado para a Pinacoteca, estão provisoriamente na sala de ensaio do Teatro Erotides de Campos e serão transferidas para o Armazém 14A no Engenho Central após sua reforma estar concluída para abrigar o novo museu de artes plásticas [2]. O grupo afirma que as telas, esculturas e quadros estão em más condições de armazenamento e houve negligência com os critérios técnicos exigidos para o transporte e acomodação das obras [3]. Conforme fotos tiradas pela comitiva, as telas e quadros estão armazenados em gradis, usados em eventos para contenção de público, envolvidos em plástico bolha, e os maiores estão em andaimes; antes da transferência as obras eram acondicionadas em trainéis, equipamentos específicos para isso [4]. Especialista alerta para possibilidade de perdas irreversíveis se não forem tomadas as precauções necessárias [5]. De acordo com a parlamentar Rai de Almeida (PT), as obras foram retiradas do prédio da Pinacoteca ‘em um caminhão baú, sem acompanhamento técnico necessário ou embalagens adequadas e sem contratação de seguro ou inventário’ [6]. Ela afirma que algumas obras estão embaladas com papel kraft, trabalho realizado por servidores da Secretaria da Ação Cultural (Semac), mas outras estão encostadas umas nas outras no mesmo pacote e algumas ‘estão danificadas, com furo’ [7]. A mudança do prédio da instituição gerou protestos da classe artística e um processo judicial que suspendeu a transferência por um mês, mas depois a autorizou [8]. Para Almeida, o novo local é inapropriado, pois fica muito próximo do Rio Piracicaba e não existe ‘avaliação técnica do índice de humidade a que o acervo estaria submetido’, além disso, critica a falta de transparência nas articulações para a mudança de prédio [9]. A prefeitura não se pronuncia sobre o caso e a Semac apenas informa que, em levantamento feito entre agosto e outubro de 2021, foram constatadas avarias em parte do acervo [10]. Em novembro de 2021, a Semac abriu sindicância para apurar o desaparecimento de 27 obras do acervo da Pinacoteca [11]. Em outros momentos, o governo federal ignorou risco de incêndio e desabamento na sede do Centro Técnico Audiovisual [12], a Cinemateca Brasileira sofreu incêndio após negligência do governo federal [13] e a Casa Chico Mendes está fechada há 4 anos e sob risco de deslizamento [14].

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Fontes