Comissão de Seguridade Social e Família da Câmara dos Deputados aprova requerimento do deputado Otoni de Paula (MDB), subscrito pelo deputado Pastor Sargento Isidório (Avante), ambos da base aliada do presidente Jair Bolsonaro, para a realização de uma audiência pública para debater as ‘implicações psicossociais em crianças’ da boneca Barbie transexual [1]. O brinquedo foi apresentado pela empresa Mattel em maio e homenageia a atriz transgênero estadunidense Laverne Cox [2]. De acordo com a empresa, a primeira Barbie trans ‘faz parte de seu compromisso em continuar aumentando a diversidade’ em seus brinquedos [3]. O deputado Otoni de Paula quer que um representante da Mattel e um do ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos compareçam à audiência [4]. De Paula justifica que a boneca ‘incorre num liberalismo teratológico que servirá para confundir as crianças sobre a natureza dos gêneros masculino-feminino, pois mulheres e homens são diferenciados pela própria natureza’ [5]. Ele acredita que a o ‘aspecto trans é uma opção tardia, feita geralmente na fase adulta’ e que as crianças não devem ser expostas a essa ‘desnecessária experiência’, além disso, defende que a Mattel contrariou normas de mercado que exigem ampla pesquisa de campo para alterar ou lançar novos produtos [6]. O deputado Isidório afirma que é um absurdo o Brasil ‘com tanta coisa séria para cuidar, resolver querer fazer fantasia, prejudicando nossas crianças’ e complementa: ‘esse povo ainda não entendeu que o sexo das pessoas vem dentro da perna, entre as pernas, e os médicos anunciam quando olham, quando tira (sic) a criança. Fora disso é procedência maligna’ [7]. A deputada Vivi Reis (PSOL) diz que debater sobre o órgão genital da boneca é ‘incabível’, para ela, se ‘não gostou da Barbie que tem órgão sexual masculino’ é só não a comprar [8]. No entanto, ela ressalta que o debate é ‘baseado em fake news’, pois os bonecos não possuem órgão genital [9]. Em 2020, o deputado Otoni de Paula acionou a Procuradoria Geral da República (PGR) contra companhia de teatro que apresentaria a peça ‘Precisamos Matar o Presidente’ [10]. Vale lembrar também que, em 2019, gravação de clipe da artista transsexual Linn da Quebrada foi interrompida por policiais [11] e o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro censurou gibi com temática LGBT para crianças [12] e, em 2020, o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos pediu a suspensão de filme que critica a sexualização infantil [13].
Comissão da Câmara dos Deputados aprova requerimento para realização de audiência sobre a Barbie transexual
Os deputados Otoni de Paula (MDB) e Pastor Sargento Isidório (Avante) defendem a realização da audiência pública para debater as ‘implicações psicossociais em crianças’ do brinquedo